sábado, 13 de julho de 2019

Quais são os principais problemas políticos de Bacabal, ou por que a cidade está abandonada? E, o que podemos fazer?


Acabar com o clientelismo e patrimonialismo é o único meio de garantir avanço e dignidade para todas e todos


           Afirmar que Bacabal está abandonada é constatar um fato, e não fazer um juízo político. Só quem perdeu o juízo ousa discordar. Mas, quem é o culpado? Tanto o grupo A quanto o B, que governam a cidade há décadas, impondo a servidão a sua população. Podemos reduzir a dois os principais problemas bacabalenses: clientelismo e patrimonialismo. Eles não começaram em 2016, tampouco em 2012. Já são antigos, e vem se agravando, pois a própria lógica clientelista e patrimonialista fica cada vez mais sufocante. O cerco se fecha, à medida que a miséria aumenta.

            Abandonada, a cidade não gera empregos, pois poucos ousam investir nela, sabedores que são dos riscos que enfrentariam. Sem perspectiva de trabalho digno, sem formação suficiente e recursos próprios para empreender, só resta a amplas parcelas da população a dependência política, a servidão. Eis o clientelismo, a troca de apoio por cargos, que retira qualquer perspectiva de mudança e avanço. Extratos da população são convertidos em redes de clientes, que negociam apoio ou voto por dinheiro ou emprego. Assim, as gestões públicas, independentemente se do grupo A ou B, escravizam ampla parcela da população, tornando-a dependente de seus favores. A descrença política é a consequência natural, ou estratégia de manutenção da sobrevivência, pois quase todas as famílias têm ao menos alguém, que depende de cargos da gestão municipal, e antes fossem cargos inteiros, mas são parcelas, frações de emprego, superexplorados, e com a divisão dos serviços aumenta o alcance dos tentáculos do clientelismo, prendendo mais e mais famílias.  

Dessa forma, a administração da cidade é exercida como parte dos negócios privados dos gestores, que tratam o que é de todos como se fosse só seu patrimônio, decidindo a quem dar o que, ou quem serão seus clientes. Eis o patrimonialismo, que faz com que os direitos mais básicos sejam negados, como uma saúde de qualidade ou os 200 dias letivos, inviabilizados com o vergonhoso início das aulas só após a Páscoa.

Diante desse cenário, em Bacabal, a regra é essa: cale-se e não ouse se opor, pois perderá seu quinhão, igual a seu vizinho que apoiou o grupo derrotado. Encenar publicamente apoio a A ou B, bajulando prefeitos e vereadores, é uma estratégia de sobrevivência para muitos, necessitados de um ganha pão, que para tê-lo trocam por sua liberdade política e de crítica e ação. Afinal, comer é o pré-requisito essencial. Quem se dá melhor nessa luta pela sobrevivência é quem consegue se autoconvencer e, então, ser mais convincente no apoio a esses grupos, que são mais do mesmo.        

            Trata-se de um ciclo difícil, mas não impossível, de ser quebrado. A população precisa compreender o funcionamento dessa máquina de negar direitos e precisa ter coragem, voltar a acreditar, que é possível romper as grades dessa prisão. O encarceramento nela não é um ato voluntário ou de burrice, mas a necessidade de ao menos ganhar o pão, para si e para os seus. Mas, ao final, esse pão ganho sai muito mais caro para toda a população do que se tiver empregos e padarias para ser comprado. Afinal, o reforço escolar ou só uma viagem a São Luís ou Teresina, em busca de tratamento médico, custa muito mais do que o voto vendido ou negociado.

Precisamos ousar, nos organizar e tomar o poder, para romper com essa lógica, e libertar o povo de Bacabal desse vil cárcere. A prefeitura deve sim gerar empregos, mas não como é feito, subdividindo cargos como forma de cooptação em massa. A geração de empregos deve ser por meios indiretos, capacitando profissionalmente a população, acreditando e investindo em cada bacabalense, incentivando a formação de cooperativas e empreendimentos, estabelecendo parcerias e atraindo investidores para a cidade.  

É difícil conseguir isso? Difícil, mas não impossível, é só tomar o poder de forma independente e honesta, sem se comprometer com grupos políticos envolvidos nessa lógica ou com investidores de campanha, que cobrarão caro depois, pois o resto é fácil e se faz com vontade política, decência e dignidade. A sabedoria popular é infalível quando diz que, depois que chegam lá, todos se corrompem. Só precisamos enriquecer essa afirmação e torna-la menos fatalista, acrescentando que, se chegarmos lá de forma honesta e independente, fazemos a diferença, mas o mais do mesmo é porque, até agora, todos que chegaram lá ou pretendem chegar o fizeram pelas mesmas vias: milhões investidos nas campanhas, com a expectativa de, no mínimo, triplicar os valores gastos e manter as redes de miseráveis clientes.

Ao menos agora, desde junho de 2019, há um partido político na cidade, o PSOL, que congrega filiados não por interesses pessoais, mas em torno de ideias afins e do sincero desejo e projeto de romper com todas as amarras e grilhões, libertando e desenvolvendo a cidade, para que todos tenham sua dignidade e independência recobradas. Na ordem do dia está o zelo pela res publica, ou coisa pública. Não devemos esperar e nem querer nos tornarmos heróis. Devemos sim é assumir nosso papel cidadão e nos unir para que, coletivamente, a organização que tomamos parte e nos representa mude a realidade. Não tem essa de cada um colocar seu tijolo e basta. Aqui a proposta é chamar a todas e todos para colaborar com nosso mutirão psolista para edificar uma casa bela e agradável para todos. Vem com a gente!


2 comentários:

  1. O clientelismo e patrimonialismo não fazem parte apenas do contexto bacabalense, isso é um mal que está enraizado na maioria das cidades maranhenses. O Psol em Bacabal está de parabéns pela iniciativa, os seus filiados sabem realmente o que é fazer política. Tenho aprendido muito com este blog a respeito do que é ser um cidadão crítico e independente quanto a seus direitos políticos.

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    1. Alex Castro, entre em contato conosco. (98)98269-6550. Só podemos transformar a realidade agindo coletivamente e de forma voluntária ; )

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