Meio da mudança há: temos que nos organizar e lutar
Vamos começar com uma reflexão: Qual mudança na
história ocorreu vinda, somente, das mãos de líderes heróicos ou pessoas
iluminadas? A resposta é óbvia: Nenhuma! Em todo processo histórico, foi o povo organizado que
transformou o que precisava ser transformado.
Mas, infelizmente, em nossa cultura, ao invés da
valorização da ação coletiva, organizada e consciente da população, é comum o
mito e culto aos heróis. Tais referências recuam, no mínimo, à Grécia Antiga, e
fundamentam não só nossa concepção de história, mas nossas esperanças políticas
no dia a dia. Vivemos à espera de alguém que surja para resolver todos nossos
problemas sociais e políticos, assim como acontece nos filmes de Holywood.
Nessas obras cinematográficas, como em nossa cidade, o povo sempre está em uma
situação de passividade e perigo, aguardando, desesperadamente, que alguém o
salve. Ao menos, mais recentemente, começaram a se multiplicar também as heroínas
nos filmes, diversificando nosso imaginário e o tornando menos machista.
Mas, esses heróis esperados não existem, logo não virão.
Pensemos em Bacabal. Quanta esperança vã já depositamos em fulano ou ciclana
que, ao final, se mostrou mais do mesmo, farinha do mesmo saco? Defensores de A
ou B cansam de argumentar a favor de suas predileções políticas, mas todas e
todos sabem que se trata da mesma forma de fazer política: clientelista e
patrimonialista. Nossos problemas atuais foram se acumulando ao longo do tempo
e são frutos tanto da gestão A quanto B. Sejamos realistas. Se precisamos
apoiar esses grupos para manter nossos empregos, não precisamos nos convencer
da mentira que os sustenta. Sejamos práticos também: para experimentarmos uma
comida nova é necessário cozinhar de forma diferente, ou com novos ingredientes
e, assim, não adianta querermos novidades, se continuamos a fazer tudo igual.
Bacabal precisa de uma intervenção drástica, de uma
mudança radical, que sacuda as estruturas da cidade. Nossas instituições juntam
pó, teias, isto está nítido. Mas, como é do interesse de grupos poderosos se
manterem ou disputarem o poder, a cada dois anos o velho é repaginado, a poeira
varrida para debaixo do tapete e as velhas faces apresentadas como a solução,
como se não fossem elas próprias as responsáveis pelos problemas que ora
enfrentamos. Essas figuras continuam a sequestrar nossos sonhos e projetos por algo
melhor para todos.
Mas, no fundo de cada um de nós, está a esperança que
teima em resistir, crendo que, de fato, surjirá algo diferente, alguém ou
alguns que venham nos salvar e evitar que o dinheiro público desapareça. Para
isso, nem o velho servirá, nem aquele que se apresenta como novo, mas opera a
mesma lógica corrupta e carcomida. Cabe a nós, o próprio povo, nos organizarmos
e cumprirmos, coletivamente, o papel que esperamos dos super-homens e mulheres
maravilhas que fascinam nossa imaginação e movem nossas esperanças políticas.
Precisamos abandonar esse pensamento infantil e expectativas e nos irmanarmos,
coletivizarmos, dividindo as tarefas da mudança para garantir investimentos em
educação, saúde, asfaltamento, saneamento, segurança, geração de emprego e
renda, etc. etc. etc.
Chega! Não é possível vivermos em pleno século XXI, com
as estruturas políticas geridas como era feito no Brasil colônia, entre o
século XVI e XVIII. Cabe a nós, simples cidadãs e cidadãos bacabalenses,
atentar-nos para o fato de que o novo já existe. Nosso espaço de esperança está
bem debaixo de nossos narizes, e não no horizonte distante, de onde,
equivocadamente, esperamos que surja um heroi ou heroína, que venha nos
socorrer. Devemos procurar esses gigantes ou os sujeitos da mudança em nós
próprios, cidadãos e cidadãs dispostos a operar a mudança que queremos.
Em Bacabal, que roga por mudanças, não será diferente.
Somos nós, o povo organizado, que faremos as mudanças necessárias, e não falsos
profetas e falsos heróis. Somos nós os sujeitos da história, aqueles que movem
sua roda, e a tocaremos por cima de quem ousar deter seu curso, que já não
tolera os velhos grilhões patrimonialistas e clientelistas. Para que essa
marcha da história se cumpra, não podemos ser ingênuos, nem vaidosos. Devemos
assumir nosso papel histórico, que é nos organizarmos, submeter nossa vontade
individual à vontade coletiva, e nos tornarmos parte de um grupo independente,
que represente e ecoe nossa voz. Sozinhas nada faremos, a não ser reclamar, falar
nas redes sociais ou esperar heróis e heroinas. Precisamos é tomar parte de uma
organização independente, que funcione de forma democrática, que se
autofinancie, que recuse qualquer centavo vindos de investidores de campanhas
políticas. Nem Maranhãozão, nem Maranhãozinho, precisamos é da força do
Maranhão de verdade, que somos nós, simples sujeitos. Precisamos de todos e de
cada uma, dispostos a se organizar e agir para conseguir as mudanças que
queremos. Foi justamente para servir a esse propósito que, nos reunimos e
decidimos fundar, em junho de 2019, o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) em
Bacabal. Para que nos represente e unifique nossas vontades, para que congregue
e leva adiante nossas ideias, projetos e voz, garantindo a vez de quem nunca
teve: nós, o povo! É passada a hora de tomarmos em nossas mãos as rédeas de
nosso destino coletivo, superando as estruturas coloniais da política local.
Nós não queremos os farelos do pão que caem da mesa de
banquete dos poderosos. Nós sequer queremos o pão pronto, comprado, pois o que
desejamos é ter a padaria e a disponibilizar para que cada uma e um produza o
próprio pão que queira e necessite comer ou vender. Nossas instituições devem
nos servir, e não o contrário. Que nossa cidade nos qualifique, invista em nós
e em pessoas dispostas a construir algo nela, para que ou consigamos ou
produzamos nossos próprios empregos, de forma individual e coletiva. Que haja
cursos e um fundo de investimento cidadão. Que nossas terras produzam alimentos
saudáveis, sustentáveis, que nos alimentem e possam ser vendidos. A terra é
nossa, a esperança também!
Vem conosco, organize-se no PSOL, pois só assim
conseguiremos mudar a realidade local. Os heróis não virão, pois sequer
existem. O que há são pessoas como nós, incorruptíveis e dispostas a se
organizar para lutar pelo que é de todas e todos.