sábado, 17 de agosto de 2019

O “Kraken” e a Prefeitura: entenda a relação entre a política e o desemprego em Bacabal e ajude a construir alternativas



O que não querem que você saiba sobre a política bacabalense, ou o desemprego em massa como projeto político


Kraken é aquele monstro mitológico, que com seus enormes tentáculos envolve e afunda as embarcações. Talvez ele tenha sido imaginado com base na lula colossal, animal este que pode ultrapassar os vinte metros. Contudo, o alcance dos tentáculos desses moluscos gigantes não chega nem perto daquele da Prefeitura e da Câmara de Bacabal, que envolvem milhares de lares espalhados pela cidade. Estima-se a existência de até 4.000 cargos de indicação política em nossa cidade, que vão dos secretários aos vigias de poço nos povoados. Entre esses extremos, estão dezenas de funções e milhares de pessoas, que assim conseguem seu sustento.

Quanta generosidade, não? Até seria, acaso não houvesse uma contrapartida para estas pessoas enroladas ou comissionadas nos “tentáculos do poder”. No caso, devem apoiar, incondicionalmente, alimentar os krakens bacabalenses, que são seus “politiqueiros”. Ai de quem falar mal ou ter com o inimigo: a patrulha político-ideológica logo chega e demite.

Mas, é possível furar esse cerco, cabendo primeiro entender a lógica do Kraken, que explica como, em Bacabal, chegamos ao fundo do poço e porque e como tudo se mantém como está, após cada eleição e a alternância entre zés e joões. Conforme o desejo e projeto “krakento”, a cidade está social e economicamente estagnada, afinal, esses seres abissais se alimentam da pobreza e ignorância, e não podem deixar que suas presas prosperem, pois daí podem almejar a liberdade. Babacal não gera empregos, e muitas famílias se obrigam a se deixar envolver pelos “tentáculos do poder” de um ou outro, na esperança de um salário, nem que seja dividindo-o com outras pessoas, cada uma trabalhando uma  parte. Ou seja, enquanto a sociedade não tem emprego, a Prefeitura e Câmara acomodam milhares, desde que apoiem seus gestores, cujos longos tentáculos e ventosas afundam toda a cidade na estagnação socioeconomica. 

Nas eleições, os krakens saem das profundezas de seus gabinetes e voltam a falar bonito, emocionar, dizer que ninguém que está em suas passeatas está recebendo alguma coisa, que é tudo por ideal e que agora sim tudo irá melhorar. Pura balela que, nós, suas vítimas, precisamos nos deixar envolver para tentar um ganha pão. Ao menos, as eleições geram empregos temporários e a perspectiva de cargos futuros. Não podemos sequer dizer que, até aqui, perdemos oportunidades de erradicar esses monstros, pois mudaram alguns nos órgãos públicos, mas não o apetite insaciável dos krakens pelo poder e a forma de usar seus tentáculos sobre nós. Promessas, mais promessas. Rostos já conhecidos ou novos, mas práticas velhas, as mesmas de sempre. Nada de novo sob o sol, só buracos que aumentam, escolas que abrem cada vez mais tarde, jovens corpos assassinados se acumulando nos bairros e o atendimento na saúde cada vez mais precário. Saneamento básico? Cada vez mais uma distante miragem.

Diante desse cenário, do mais do mesmo, muitas e muitos desistiram de acompanhar as peças que se movimentam no tabuleiro político municipal, ou “krakolândia”, restringindo sua participação às eleições e à expectativa de com elas arrumar um bico. Zé daqui, João dali, coronel de acolá, um quarto que surge sabe-se lá de onde e arruma laranjas para lhe representar. Ao fim e ao cabo, reproduz-se o que todas e todos já conhecem: o toma lá dá cá, ou os envolventes “tentáculos do poder”. Certamente, o último responsável não é o povo, que necessita trabalhar e comer, mas sim os krakens, que o mantém aprisionado.

Nossos pretensos salvadores pecam, pois repetem os mesmos erros, como os que antecederam Teseu no Labirínto de Minos, que esqueciam de levar um fio para se guiar no lar do Minotauro. Mas, afinal, como derrotar esses monstros e que fio é esse? Seguramente, não é pela mesma via desses falsos heróis, derrotados de antemão, pois se filiam a qualquer partido de esquina ou de gaveta, candidatando-se e se apresentando como redentores, como se fosse a pessoa, e não a agremiação partidária que importasse. Em suas campanhas, e com nosso apoio descuidado, esses idiotas úteis ou “heróicos candidatos” só acumulam os votos suficientes para reeleger os krakens filhotes (vereadores) de sempre, que apoiam suas versões maiores para a prefeitura.

Para cortar os tentáculos do poder, o fio certo não é apostarmos em uma pessoa ou outra, mas sim em um partido coeso, independente, que não se deixe envolver. Uma agremiação que faça política no cotidiano para elevar a consciência da população e que, eleja quem eleger, esteja representado e gerindo coletivamente os mandatos, inclusive chamand o povo para decidir junto. Esse grupo precisa se fortalecer para combater os krakens. Para isso, precisa de uma sociedade consciente e organizada que entenda a lógica do poder e se sinta representada por esse partido político no sentido estrito do termo, de união em torno de um programa, e não dos interesses privados dos que o integram, como as quadrilhas que usam seus longos tentáculos para envolver e manipular quase todas as legendas partidárias da cidade, exceto o recém-fundado PSOL, pois este é mantido por autofinanciamento de seus filiados e não tem o menor interesse em sequer dialogar com krakens.

Se a exceção confirma a regra e valida o senso comum (“são todos iguais”), ao mesmo tempo ela oportuniza uma possibilidade de mudança. Se a desgraça social é gerada pelos krakens e mantida por todas e todos, sua contrapartida, a justiça social, também é uma construção coletiva, fruto do esforço comungado de muitas e muitos que têm sede de justiça. Não podemos perder a esperança e julgar sem conhecer. Até que se prove o contrário, vamos acrescentar o “quase” à sentença “são todos iguais” para não cometermos suicídio político coletivo, matando a possibilidade da mudança, daquela que botará abaixo toda essa odiosa estrutura que nos prende. Precisamos, devemos, nos organizar e lutar, ou apoiar o partido alternativo, mesmo que sigilosamente quando necessário para não sofrermos perseguições, para que vigorem também aqui os princípios da gestão pública, sendo estes o horizonte comum. Falar em impessoalidade, legalidade, transparência, eficiência e moralidade na gestão não é utopia, mas fazer a lei ser cumprida e uma possibilidade que precisamos viabilizar coletivamente ou, então, só mesmo os krakens, que ao mesmo tempo nos mantêm na miséria e alimentam os envolvidos em seus tentáculos. A hora desses seres abissais já passou. É sim possível qualificar os critérios de contratação e garantir empregos por meio de nossa livre iniciativa popular, amparada por uma prefeitura que capacite, emancipe, ao invés de envolver e prender as pessoas. É promover concursos e estimular o cooperativismo, o empreendedorismo solidário e coletivo, a qualificação profissional da população por meio de parceria com SENAI, SENAC, Associação de Comerciários, Industriários e Agricultores.

Mas, querer emancipar a população só pode ser objetivo de um partido seguro de seu programa solidário, ele próprio com vontade e independência política. A escolha é de cada uma e um. De um lado, teimar em generalizar e matar o futuro, justificar que se tudo é assim mesmo não precisa nem pode haver mudanças, e assim se alimentar da sobra dos krakens enquanto apoia a continuidade de sua política perversa, referendando campanhas milionárias e práticas clientelistas e patrimonialistas, ao custo da saúde e educação públicas e do futuro coletivo. De outro lado, a aposta ousada na conscientização e organização, pegando as rédeas do porvir em nossas mãos, tratando a política como coisa pública, com base nos princípios constitucionais de gestão. Mandemos os krakens para o abismo, assumindo essa construção e conscientização política como tarefa diária e coletiva, integrando ou apoiando o partido que revela a lógica desses seres abissais e, verdadeiramente, dispõe-se a superar seu domínio na política bacabalense, cortando os tentáculos do poder.  


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