Organização
da Ação Política: uma prática permanente
*Welyson Lima
Organizar-se politicamente em torno de uma realidade
vigente, refletida em problemas que afligem toda uma população em torno do que
se considera imprescindível a cada cidadão, torna-se uma atividade mais que
política, e sim vital. É vital se
mobilizar para se ter uma cidade melhor, economicamente mais desenvolvida,
sustentável, geradora de oportunidades de emprego aos jovens, geradora de cultura,
educação, esporte e lazer aos seus munícipes, como também vital se torna uma
cidade conscientemente politizada. A política é princípio, meio e fim de
nossas ações na sociedade e no mundo.
Por
outro lado, um grupo se desenvolve em
movimento. As motivações para a mobilização nascem das necessidades
emergenciais das pessoas no dia a dia. As mobilizações podem ser
esporádicas/temporárias, porém a organização política é algo permanente. Um dos pilares iniciais para se iniciar o
engajamento na luta política é o estudo da realidade.
O primeiro passo, a priori, para boa organização de
um grupo político, é antes de tudo, o estudo objetivo da realidade. A realidade
presente, real, concreta.
É indispensável que se domine o conhecimento da
realidade. Sem estudo, informação precisa, é impossível saber por onde começar
e como conduzir os trabalhos no grupo. É desafiador, porém perfeitamente preciso aceitar esse desafio. É preciso
“ver” coletivamente, com os companheiros, a realidade de onde está sendo construído a base, o sustentáculo da
organização.
Por outro lado, é preciso ir além. Estabelecer
provocações, ver quais são os problemas, “problematizar” as temáticas, entender
as questões, propor discussões, por fim, gerar proposições. É gerando propostas
que se faz uma oposição com seriedade e coerência. É se perguntar: Qual é o
problema? Quais são os maiores desafios sentidos pelas pessoas do lugar? Quais
as lutas? Qual o grau de organização do povo? Quais são as debilidades? Etc. As
respostas a essas perguntas permitirão análises, reflexões do que há “por trás
das cortinas”, num sentido filosófico. Posteriormente, entender-se-á quais são
as causas do que está acontecendo, para consequentemente definir objetivos
claros para mobilização do grupo e da comunidade. E é com base nisso, que surge
o planejamento.
Planejar
é ato necessário em nossas vidas. Em tudo planejamos. No que diz respeito a um grupo
que visará à ação de conscientização política, torna-se imperativo “pensar a
ação”. Definir como levar à prática nossos objetivos. É o momento de organizar
o trabalho do grupo. Significa, sobretudo, organizar as tarefas em uma
programação, principalmente através da discussão coletiva e da responsabilidade
individual.
Planejar significa organizar o tempo, os recursos materiais e humanos; criar condições políticas para atingir os objetivos programados, dentro do período determinado, estabelecendo formas adequadas para isto. Toda formulação e apresentação de proposta devem vir acompanhadas do planejamento para sua execução. Do planejamento devem constar fundamentalmente: definição de objetivos, de atividades e meios, assim como definir tarefas e responsáveis, metas e administração do tempo. Com esse planejamento articulado, vem aquilo que promove o constante aperfeiçoamento, que é a avaliação criteriosa afim de corrigir erros e melhorar a ação.
Defendo que sejam instituídos Núcleos de Atuação Política. Um espaço de ação política de cada membro do PSOL-Bacabal com base em habilidades em área específica ou interesse por tema delimitado. É uma maneira de organizar nossas ações políticas em eixos temáticos. O objetivo do Núcleo seria, portanto, capacitar os integrantes no estudo da realidade, em discussões e proposições coerentes. Para a escolha do (s) “ dirigentes” ou “ líder (es) ” dos Núcleos Temáticos de Atuação Política, parte-se do princípio da formação acadêmica e/ou das habilidades/ vocação para os temas.
Concluo este artigo dizendo, portanto, que necessitamos de consciência crítica e esta não surge do nada nem de repente: é “fruto” do aprender e estudar coletivamente, organizando grupos de estudo, cursos de formação política, aprendendo uns com os outros, realizando debates sobre os temas, problematizando as questões, buscando respostas, por fim, se mobilizando em prol de um objetivo comum. A união da prática (ação) com teoria (análise, reflexão e planejamento da ação) é que orienta o trabalho do núcleo. Todo trabalho popular necessita destes dois fatores: teoria e prática. A teoria existe como orientadora da prática, pois é a ação que nos permite transformar a realidade e aproximar-se cada vez mais de nossos objetivos.
·*Welyson
Lima:
Professor graduado em Letras (CESB-UEMA) com especialização em Língua
Portuguesa e Literatura Brasileira. Acadêmico de Jornalismo (Estácio), atua
também como Redator, Revisor Textual e Editor de Publicações. Ex candidato a
vice-prefeito (2020) e novo filiado ao PSOL-Bacabal (2021).