sábado, 21 de março de 2020

Pré-campanha ou leilão de apoios políticos em Bacabal? Dando lances para comprar líderes e candidatos



Em nossa política municipal, há dois mundos paralelos: o das essências e o das aparências. O desejo pelo Palácio das Bacabas é o ponto comum, onde ambos se cruzam.

No mundo das aparências, é tudo tão democrático e limpo, que dá até gosto. Até parece que temos opções de verdade, variações, que A é diferente de B e de C. Acompanhando o faz de conta da politicagem, lemos, vemos ou escutamos que fulano apoiará ciclano, beltrana apoiará beltrano. Essas são as notícias, que não param de circular nas redes sociais. Pretendentes ao Palácio circulando fotos com personalidades, lideranças comunitárias e pré-candidaturas a vereador, abraçando-os e recebendo seu apoio. Ainda na superfície ou aparências, essas lideranças sociais só pensam no bem público, dividem-se entre os concorrentes conforme o que entendem ser o melhor para todas e todos e para a cidade em geral. Até antigos inimigos, que mobilizaram paixões em suas disputas entre si, abraçam-se e prometem caminhar juntos para o bem de todos. Coitado de quem se apaixonou e comprou a briga, pois agora engole sapo.

Contudo, nos bastidores, a portas fechadas, no mundo das essências, o papo é reto, direto e sujo. Algumas perguntas resumem essa política municipal: - Qual teu preço irmão? E o seu irmã? Por 1.000 me apoia? E 5.000? 20.000 é nossa última oferta ... Quantos cargos quer? O preço do passe é tanto mais alto quanto maior a influência que nossa liderança aparenta ter. Cada um tem seu preço: pré-candidato a vereador, presidente de associação de moradores ou de movimento social, liderança comunitária... Segue a todo vapor essa política do andar de cima, que vem de cima para baixo, que só chega nas pessoas na hora do pedido de voto e oferta inescrupulosa de vantagens acaso A ou B seja eleito. Os gastos já são milionários, e nós arcaremos com eles assim que o próximo candidato "de milhões" tomar o palácio e duplicar o valor investido, desviando verbas públicas. Assim que, A é exatamente igual a B e C, e por isso não têm nem vergonha de se unir, surpreendendo quem achou que havia, realmente, diferenças. Mesmas práticas, só muda o topete. O passe das pré-candidaturas a vereador está valorizadíssimo, dado a competição entre os grandes que disputam as prévias de Bacabal. É lei de mercado: Quanto maior a demanda, maior o preço que se pode cobrar para vender seu passe, e esse ano há mais de dois cavalos grandes no páreo, logo, o valor dos líderes e (pré)candidatos está valorizadíssimo. Eis porque tem surgido tanta associação e movimento, é ano de eleição, e é só para valorizar o passe. Os ignorantes que se cuidem com esse episódio inicial das campanhas milionárias, ou do “leilão da miséria e da ruína em Bacabal”. É politicagem, é molecagem.

Em nosso cenário de miséria geral, é fácil entender porque as coisas estão assim. Peixe grande sabe que quem tem fome tem pressa, dizia Betinho. Política municipal, para a maioria da população, é questão de sobrevivência. Apoiar o cavalo certo é garantir um alívio para as agruras da vida, nem que seja por pouco tempo. É promessa do tão sonhado emprego, que pode dignificar. É a “peixada”. Daí que, muitas pessoas, mesmo sabendo o que é certo, preferem se calar, aguardando as benesses do poder ou para não sofrer retaliações. A autocensura é generalizada. Para quem tem cargo, participar de ato público independente, ou até curtir, compartilhar ou postar coisas em redes sociais? Jamais! É muito arriscado, para si ou pessoas próximas, a não ser que seu passe já esteja comprado, daí, é sua obrigação. Os olhos do poder, o velho Kraken com seus tentáculos, vigiam a todos e todas. O culpado disso tudo não é o povo que padece, mas os politiqueiros, que exploram a miséria com sua política do atraso. Igualmente culpados são os líderes comunitários, que os apoiam, ao invés de se orientar pelos interesses de suas bases. Transformam representação social e política em meio de enricar. Se você dirige associação, que prevaleça os interesses dos associados e nãos os seus. Assim que, estamos prestes a completar os 100: sem saúde, sem educação, sem saneamento básico, sem segurança, sem emprego, sem dignidade. Logo, estamos sem futuro algum, acaso nossa única possibilidade de futuro seja a repetição sem fim de nosso presente deplorável. É necessário romper com o clientelismo e patrimonialismo já. E que vá junto o personalismo.

Felizmente, para toda regra há exceções. Ainda há quem construa projetos políticos, quem reúna pessoas de luta, que não têm preço, que não se vendem nem se importam se vão ganhar ou perder, mas, sim, se vão conseguir conscientizar as pessoas, acumular forças e organizar quem luta para transformar o deprimente estado de coisas no qual nossa cidade se encontra. Precisamos entender o mecanismo dessa máquina de miséria e opressão para desarticula-la. Precisamos compreender que a saída para os problemas políticos só pode ser coletiva, e não individualista. Precisamos nos apropriar dos instrumentos de luta, que estão à nossa disposição. Precisamos tanto de movimentos sociais que não sejam mero palanque quanto de uma ferramenta que acumule toda essa força social, capaz de romper com o sistema podre. O instrumento mais potente que temos é somar forças e nos apropriarmos de um partido democrático, horizontal, que discute tudo de forma coletiva e transparente, que se alinha com propostas e um programa, e não pela soma de interesses escusos. Basta também de falsos heróis, oportunistas de plantão.

Essa ferramenta coletiva de luta foi criada ano passado, e se fortalece a cada dia. Para as eleições de 2020, o programa é claro. Em Bacabal, falta tudo. Está difícil apontar ao menos uma área que esteja resolvida. Em nosso entendimento, temos que cortar a raiz do problema conduzindo a gestão municipal, com zelo e rigor, em conformidade com os cinco princípios constitucionais: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Nossa palavra de ordem é: LIMPE Bacabal! Esperançar, se organizar e lutar. Há alternativas e já começamos a encontrar as rachaduras desse sistema de poder e espoliação para desmontá-lo.


segunda-feira, 9 de março de 2020

O 8 de março na Praça do Bolo


Esse dia de luta foi marcado, em Bacabal, por uma roda de conversa, na Praça do Bolo, organizada pelo PSOL, Fórum Social de Bacabal e pelo Movimento da Juventude Libertária. Os temas abordados: machismo, relacionamento abusivo, violência obstétrica, e as intersecções entre gênero, classe e raça.

O diálogo foi conduzido pela Professora da UFMA, Mayka Danielle Brito, que fez um histórico do dia e das lutas das mulheres, com questionamentos que levaram a várias  intervenções muito qualificadas das companheiras ali presentes. Os homens souberam mais ouvir do que falar, respeitar o momento de escuta, e todas e todos compreenderam melhor as pautas fundamentais abordadas. “Tudo mais popular, familiar, simples...”, avalia um dos presentes. Conforme outro testemunho: “Achei que com essa atividade avançamos para construir uma sociedade que não se cala e nem vai se calar diante da violência contra as mulheres.”.


Um terceiro relato destaca
... os atos machistas cotidianos, que nem nos damos conta por termos sido criados em sociedade assim. Tipo não cortar fala de mulher, prestar atenção ... Gostei também por isso. Pois foi muito familiar mesmo, galera gente boa reunida. Não teve desgaste, que às vezes rola por indelicadeza na hora de falar com companheiros e desconstruir deslizes. 




Em resumo, nas palavras da Professora Mayka,
Foi um espaço de debate que permitiu problematizar o próprio 8 de  março, contestando questões dolorosas que precisam ser curadas. A conscientização é o primeiro passo para romper com a mentalidade e práticas machistas, os relacionamentos abusivos, e todo tipo de violência contra a mulher pobre, negra, indígena e homoafetivas. Que possamos reproduzir momentos como esse. Parabéns pela iniciativa!


A atividade também contou com música e poesia, tendo sido lida a que segue:


       
A organização avaliou, positivamente, outra dimensão da atividade:

Assim vamos ocupando espaço público, debatendo, desconstruindo essa lógica tosca da política local de que se for pra usar espaço público tem que botar gente. Daí obrigam, pagam, fazem presepada. Isso é ensinamento democrático que viemos fazendo desde ano passado, até com ato que estivemos em nove na praça do Paraíba.

Esse balanço fortalece o entendimento de que é necessário e possível consolidar uma nova cultura política na cidade, utilizando os espaços públicos, não para medir forças, mas gerar consciência.

NOTA AOS MOVIMENTOS E ORGANIZAÇÕES DOS PROFESSORES/AS, DO CAMPO POPULAR, INDÍGENA, QUILOMBOLA E SINDICAL DO MARANHÃO

 NOTA AOS MOVIMENTOS E ORGANIZAÇÕES DOS PROFESSORES/AS, DO CAMPO POPULAR, INDÍGENA, QUILOMBOLA E SINDICAL DO MARANHÃO     Nós, que subscreve...