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Para efetivar uma vida digna em Bacabal, nossa
palavra de ordem é investir nas pessoas, reunindo-as, qualificando-as,
organizando-as e garantindo oportunidades para todas e todos. Em um mundo cada
vez mais competitivo e de poucas oportunidades, no qual as pessoas vêm cada vez
mais adoecendo e sofrendo de ansiedade e de outros transtornos psicossociais,
cabe fortalecer os vínculos sociais e coletivos. Tarefa central é, ao invés de
competição desenfreada, incentivar um processo produtivo solidário, eficiente e
includente, valorizando os saberes e práticas tradicionais, aliados a novas
tecnologias sociais.
Dentre as ações que precisam ser feitas, tanto na
área urbana quanto rural, primeiramente, cabe mapear as tecnologias sociais e
os saberes tradicionais locais, viabilizando o associativismo, o cooperativismo
e a formação de organizações para garantir um desenvolvimento inclusivo,
solidário e sustentável. Obviamente que, essa lógica é o caminho privilegiado,
mas que não fecha as portas, pois coexiste com o caminho do micro-empreendedorismo
individual, que também deve receber apoio e capacitação pelo poder público em
parceria com organizações como SENAI, SENAC e SEBRAE. Cabe preservar as
liberdades individuais ao mesmo tempo em que se fomenta uma visão de mundo solidária e includente,
apontando os caminhos para maior justiça social.
Ao invés de eterna e doentia busca pelo novo, que
enreda trabalhadoras e trabalhadores nas cadeias produtivas sempre atualizadas
para mantê-los cativos, técnicas tradicionais aplicadas nas atividades rurais e
urbanas podem ser resgatadas, valorizadas e associadas a novas práticas,
melhorando e mantendo autônomo o processo de produção e a organização do espaço
produtivo. Esse resgate dos conhecimentos, ou preservação dos saberes
tradicionais locais, pode contribuir para o desenvolvimento local. Cabe reunir
os jovens e antigos produtores e promover a interlocução sobre os processos e suas
partes, observando aqueles que envolvem o uso de poucos recursos e energia em uma
prática eficiente e sustentável de produção.
Ligada a essa lógica estão as tecnologias sociais, que
resultam da ação organizada de um grupo de produtores sobre um processo de
trabalho. Expressam o acúmulo de suas práticas e saberes ao longo do processo
produtivo. Devem ser mapeadas e valorizadas tendo em vista um contexto
socioeconômico que privilegie a propriedade coletiva dos meios de produção e um
acordo social que torna desejável o associativismo. Ou seja, um ambiente
produtivo que fomente a autogestão e uma cooperação voluntária e participativa,
dividindo os frutos do trabalho de forma prévia e consensuada. Almeja-se
humanizar o processo produtivo, diminuindo o tempo necessário à produção
agrícola ou fabril, de modo que trabalhadoras e trabalhadores, sem perder
renda, tenham mais tempo para suas famílias e demais atividades.
Quanto ao associativismo e cooperativismo, a
associação representa uma sociedade civil, que não possui fins lucrativos, onde
alguns indivíduos se organizam de forma democrática para defender seus interesses.
Há possibilidade de existir em vários ramos da atividade humana e sua criação
é proveniente de motivos sociais, filantrópicos, econômico, científicos e
culturais. No caso do campo, diz um documento do governo brasileiro que, “a
associação de produtores rurais é uma sociedade formal, criada com o objetivo
de integrar esforços e ações dos agricultores e de seus familiares em benefício
da melhoria do processo produtivo e da própria comunidade a qual pertence”. De
forma semelhante, as cooperativas são organizações formadas por membros de
determinados grupos socioeconômicos, que têm por objetivo desempenhar, para o
benefício de todos, uma determinada atividade. Conforme o SEBRAE, “as premissas
do cooperativismo são: identidade de propósitos e interesses; ação conjunta,
voluntária e objetiva para coordenação de contribuição e serviços; obtenção de
resultado útil e comum a todos”.
Bem próxima de Bacabal, em Lago do Junco, a COOPALJ é um excelente
exemplo de como quem coopera cresce. Mas para viabilizar o associativo e o
cooperativismo é necessário auxiliar as e os trabalhadores no resgate de suas
relações de trabalho coletivas tradicionais, auxiliando na formação e
manutenção de organizações sociais e os instrumentalizando para gerir conflitos.
A gestão municipal, em parceria com demais entes federativos e organizações,
pode constituir uma equipe técnica para orientar sobre os procedimentos necessários
para formar uma organização social. Associações e cooperativas são necessárias
para incentivar a integração da comunidade e, a médio longo prazo, garantir seu
desenvolvimento com as iniciativas coletivas de avanços na produção, transporte
e vendas beneficiando a todas e todos.
Assim, caminhemos em defesa do comum, do coletivo,
do sustentável e do digno.
Referências
Brasil.
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Associativismo /
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de
Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo. – 2. ed. – Brasília :
MAPA/SDC/DENACOOP, 2008.
DAGNINO,
R. Tecnologia Social: base conceitual. Revist@ do Observatório do Movimento pela
Tecnologia Social da América Latina, v.1 , n. 1 , 2011.
SEBRAE.
Cooperativa: o que é, para que serve, como funciona. Disponivel em < http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/cooperativa-o-que-e-para-que-serve-como-funciona,7e519bda15617410VgnVCM2000003c74010aRCRDl> Acesso em:
nov, 2019.
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