segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Geração de emprego e renda solidária na cidade e no campo



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Para efetivar uma vida digna em Bacabal, nossa palavra de ordem é investir nas pessoas, reunindo-as, qualificando-as, organizando-as e garantindo oportunidades para todas e todos. Em um mundo cada vez mais competitivo e de poucas oportunidades, no qual as pessoas vêm cada vez mais adoecendo e sofrendo de ansiedade e de outros transtornos psicossociais, cabe fortalecer os vínculos sociais e coletivos. Tarefa central é, ao invés de competição desenfreada, incentivar um processo produtivo solidário, eficiente e includente, valorizando os saberes e práticas tradicionais, aliados a novas tecnologias sociais.
Dentre as ações que precisam ser feitas, tanto na área urbana quanto rural, primeiramente, cabe mapear as tecnologias sociais e os saberes tradicionais locais, viabilizando o associativismo, o cooperativismo e a formação de organizações para garantir um desenvolvimento inclusivo, solidário e sustentável. Obviamente que, essa lógica é o caminho privilegiado, mas que não fecha as portas, pois coexiste com o caminho do micro-empreendedorismo individual, que também deve receber apoio e capacitação pelo poder público em parceria com organizações como SENAI, SENAC e SEBRAE. Cabe preservar as liberdades individuais ao mesmo tempo em que se fomenta uma visão de mundo solidária e includente, apontando os caminhos para maior justiça social.
Ao invés de eterna e doentia busca pelo novo, que enreda trabalhadoras e trabalhadores nas cadeias produtivas sempre atualizadas para mantê-los cativos, técnicas tradicionais aplicadas nas atividades rurais e urbanas podem ser resgatadas, valorizadas e associadas a novas práticas, melhorando e mantendo autônomo o processo de produção e a organização do espaço produtivo. Esse resgate dos conhecimentos, ou preservação dos saberes tradicionais locais, pode contribuir para o desenvolvimento local. Cabe reunir os jovens e antigos produtores e promover a interlocução sobre os processos e suas partes, observando aqueles que envolvem o uso de poucos recursos e energia em uma prática eficiente e sustentável de produção.
Ligada a essa lógica estão as tecnologias sociais, que resultam da ação organizada de um grupo de produtores sobre um processo de trabalho. Expressam o acúmulo de suas práticas e saberes ao longo do processo produtivo. Devem ser mapeadas e valorizadas tendo em vista um contexto socioeconômico que privilegie a propriedade coletiva dos meios de produção e um acordo social que torna desejável o associativismo. Ou seja, um ambiente produtivo que fomente a autogestão e uma cooperação voluntária e participativa, dividindo os frutos do trabalho de forma prévia e consensuada. Almeja-se humanizar o processo produtivo, diminuindo o tempo necessário à produção agrícola ou fabril, de modo que trabalhadoras e trabalhadores, sem perder renda, tenham mais tempo para suas famílias e demais atividades.
Quanto ao associativismo e cooperativismo, a associação representa uma sociedade civil, que não possui fins lucrativos, onde alguns indivíduos se organizam de forma democrática para defender seus interesses. Há possibilidade de existir em vários ramos da atividade humana e sua criação é proveniente de motivos sociais, filantrópicos, econômico, científicos e culturais. No caso do campo, diz um documento do governo brasileiro que, “a associação de produtores rurais é uma sociedade formal, criada com o objetivo de integrar esforços e ações dos agricultores e de seus familiares em benefício da melhoria do processo produtivo e da própria comunidade a qual pertence”. De forma semelhante, as cooperativas são organizações formadas por membros de determinados grupos socioeconômicos, que têm por objetivo desempenhar, para o benefício de todos, uma determinada atividade. Conforme o SEBRAE, “as premissas do cooperativismo são: identidade de propósitos e interesses; ação conjunta, voluntária e objetiva para coordenação de contribuição e serviços; obtenção de resultado útil e comum a todos”.
Bem próxima de Bacabal, em Lago do Junco, a COOPALJ é um excelente exemplo de como quem coopera cresce. Mas para viabilizar o associativo e o cooperativismo é necessário auxiliar as e os trabalhadores no resgate de suas relações de trabalho coletivas tradicionais, auxiliando na formação e manutenção de organizações sociais e os instrumentalizando para gerir conflitos. A gestão municipal, em parceria com demais entes federativos e organizações, pode constituir uma equipe técnica para orientar sobre os procedimentos necessários para formar uma organização social. Associações e cooperativas são necessárias para incentivar a integração da comunidade e, a médio longo prazo, garantir seu desenvolvimento com as iniciativas coletivas de avanços na produção, transporte e vendas beneficiando a todas e todos.
Assim, caminhemos em defesa do comum, do coletivo, do sustentável e do digno.

Referências

Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Associativismo / Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo. – 2. ed. – Brasília : MAPA/SDC/DENACOOP, 2008.
DAGNINO, R. Tecnologia Social: base conceitual. Revist@ do Observatório do Movimento pela Tecnologia Social da América Latina, v.1 , n. 1 , 2011.
SEBRAE. Cooperativa: o que é, para que serve, como funciona. Disponivel em <  http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/cooperativa-o-que-e-para-que-serve-como-funciona,7e519bda15617410VgnVCM2000003c74010aRCRDl> Acesso em: nov, 2019.


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