segunda-feira, 18 de maio de 2020

Para garantir o futuro. Emancipar o professorado municipal de Bacabal




É fato que, ser professor(a) municipal contratado em Bacabal depende de apoio ou, no mínimo, silenciamento político. São as famosas “peixadas”. Mas, quais as consequências disso? Estamos enterrando nosso futuro, dia após dia, ao manter isso.
Já denunciamos essa situação em outra ocasião, quando visitamos um povoado da cidade. Não bastasse a dependência política e a autocensura geradas pela troca do contrato por apoio (clientelismo), as pessoas também relataram a divisão ilegal de cargos entre mais de uma pessoa. É mais uma estratégia para que os tentáculos do poder consigam envolver mais e mais famílias. De lá para cá, ouvimos outros relatos semelhantes. Um professor contratado ouviu de sua diretora, algo como: “Vão e procurem seus vereadores para garantir seus contratos ano que vem”. Uma colega sua, mesmo concursada, revelou seu medo de se posicionar politicamente e ser transferida para uma escola distante, como represália. Vale repetir a pergunta: Quais as consequências disso? 
Fomos mais a fundo, e fizemos um questionário a ser aplicado com professores municipais. Uma das questões era se a ou o profissional percebia na escola a influência política da gestão municipal. A resposta: “- Esse controle é exercido a partir do uso das contratações do quadro de funcionários da SEMED, e das escolas.”. Sobre liberdade para abordar assuntos da político local: “- Sempre podada pelos diretores e coordenadores, na sua maioria, colocados ali para supervisionar os trabalhos.”, sendo os contratados “o alvo principal”, pressionados “principalmente, nos eventos do período eleitoreiro”. Isso responde o porquê das passeatas, carregando a imagem do prefeito/faraó em estandartes, no dia do aniversário da cidade.
Essa forma das gestões tratarem a coisa pública como assunto privado (patrimonialismo) é secular, punindo e delegando “cargos” como se fossem benefícios pessoais, ao melhor estilo dos faraós e dos monarcas. Infelizmente, isso afeta não só quem já está formado e dando aulas, mas também quem pretende lecionar. Em novembro de 2019, alunos de curso de licenciatura da cidade também relataram seus temores quanto a sofrer perseguição política na cidade, não conseguindo dar aulas no futuro acaso comentem assuntos da política municipal em suas redes sociais. Por isso, preferiam falar de temas nacionais. Em diálogo posterior, outros dois alunos admitiram que trocaria seu voto e apoio por um cargo, pois têm contas para pagar. Ou seja, o clientelismo e o patrimonialismo são tão cruéis e deletérios para a sociedade, que mesmo quem ainda nem se formou já vai introjetando as condutas necessárias para conseguir trabalho. Daí a pergunta: Como um professor cativo pode educar para emancipar? Como podem formar cidadãos se estão silenciados, se estão vigiados? Em diálogo entre 
            O diagnóstico da situação está aí. Devemos, imediatamente, romper com essa realidade, que nega um futuro melhor para Bacabal. Para isso, já apontamos em outros dois momentos a urgência de estabelecer, como única via de acesso ao trabalho no município, os concursos e processos seletivos impessoais, objetivos e com plena transparência e controle social. Precisamos criar condições objetivas para que nossas professoras e professores eduquem a futura geração para o exercício da liberdade, dignidade, solidariedade e cidadania. Diz o patrono da educação brasileira que:  
O professor que pensa certo deixa transparecer aos educandos que uma das bonitezas de nossa maneira de estar no mundo e com o mundo, como seres históricos, é a capacidade de, intervindo no mundo, conhecer o mundo [...] Mulheres e homens, seres histórico-sociais, nos tornamos capazes de comparar, de valorar, de intervir, de escolher, de decidir, de romper, por tudo isso nos fizemos seres éticos. Só somos porque estamos sendo. Estar sendo é a condição, entre nós, para ser. Não é possível pensar os seres humanos longe, sequer, da ética, quanto mais fora dela.
            Tratar da educação é tratar do futuro da nossa cidade e sociedade. É necessário o máximo de zelo e compromisso com a coisa pública. Como também apontamos em outra ocasião,  Bacabal pode ter um futuro brilhante, a depender do acerto de nossas ações no presente. Aprimorar a educação pública será determinante.

2 comentários:

  1. Olá, como faço para me filiar ao Psol em Bacabal?

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    Respostas
    1. Bom dia, Alex. Você pode fazer contato pelo WhatsApp (99)99904-5221, faça ali a mesma pergunta e você receberá a ficha de filiação. Obrigada.

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