terça-feira, 6 de outubro de 2020

O debate público que nos falta em Bacabal. Basta de censura

    



    É muito triste constatar a quase completa ausência de debate público em Bacabal. Sim, é ausência mesmo, se considerarmos que o debate é uma conversa que envolve pessoas abertas a serem convencidas pela argumentação do outro. Estatisticamente, quantas cidadãs e cidadãos entraram no pleito com seu voto aberto, atentando aos argumentos e às práticas, para então definir quem irá lhe representar? Em contrapartida, quantos estão engajadas desde antes, apoiando intransigentemente A ou B, pois negociaram seu "passe"? Essa situação deplorável, essa corrupção de nossa democracia, de nossos partidos e eleições, é muito fruto da miséria e do desemprego em massa, claro. O Kraken é perverso, mas também o é a suposta oposição. Somos uma sociedade vulnerável, que vive à mercê de quem pode oferecer um bico, um dinheiro, alguma coisa que alivie o sofrimento, e nem que seja só no período eleitoral. Não nos enganemos, miséria e desemprego são projeto de poder para a perpetuação das duas facções políticas que, impiedosamente, controlam nossos destinos coletivos, bem dizer, compram nossos rumos coletivos, distorcendo-os para proveito próprio. Assim, essas facções constituíram suas bases de apoio superficiais, acéfalas, ligadas a lideranças com projetos personalíssimos, e não coletivos, o que se reflete na pouca, quase nenhuma, dedicação a elaborar um programa de cidade. Se posso comprar apoiadores, por que irei me dedicar a convencê-los?  A censura é mais fácil.

    Em suma, o que vemos, mais uma e tantas outras vezes, é uma disputa permanente entre pessoas intransigentes, surdas e fechadas ao outro. É o debate público que nos falta e o fato de não termos debate formal diz muita coisa. Nos grupos de Whtasapp da cidade isso fica claro. Quase não se vê argumentos, convencimento mútuo, mas tão somente a postagem de "stickers" com nomes e números, ou peças publicitárias caríssimas, pagas com sabe-se lá qual dinheiro, mas que, sem dúvida, será ressarcido em triplo a partir dos cofres públicos, se um desses assaltantes de nosso futuro se sentarem na cadeira de prefeito, com o nosso beneplácito. 

    Portanto, a corrupção não é só deles. Eles conseguiram a generalizar também em nossas práticas. Os governantes e dominantes conseguiram corromper nossas almas, e nos manter dominados com nosso consentimento. Eles são os culpados, é fato. Mas nós vamos seguir colaborando com nossa dominação se apoiarmos eles, mesmo quando ninguém está nos vendo e quando poderíamos resistir, sem perigo algum, como no silêncio de nossos lares e, em breve, nas urnas. Uma coisa é a necessidade de trabalhar para eles, outra, bem distinta, é realmente apoiar eles. Não podemos sacrificar nossos próprios filhos ao apoiar essa gente, que irá roubar e nos privar de políticas públicas de juventude, de saúde, de educação.  Nós podemos nos despir da dominação que já internalizamos e reproduzimos. Nós podemos nos "desconvencer" que os assassinos de nossos filhos e filhas, por roubarem o dinheiro da saúde, são nossos salvadores. Nós podemos deixar de consentir e apoiar quem está com as mãos sujas de sangue, superando a facilidade que é nos convencermos de suas mentiras. Basta de fingir, pra nós mesmos, que acreditamos neles. Sabemos que são iguais, rigorosamente iguais, nas práticas corruptas. 

   São eles, os mesmos que roubaram nossos empregos, quem diz que nos empregará. Nos deixaram assim, sem trabalho e na miséria, e agora distribuem migalhas, desde que nos calemos e nos comportemos. Eles roubaram nossa educação crítica e emancipadora, silenciando professoras e professores, submetendo-os a contratos precários. Eles, para nos calarem, usaram nossas próprias mãos para colocar a mordaça em nossas bocas. 

    Mas ainda há quem resista e os chame, publicamente, de  mentirosos e assassinos. Mentirosos e assassinos, pois é isso que eles são. Não só quem tem o poder, mas também quem se diz de oposição e faz igual, nos comprando e nos calando, explorando nossa miséria com migalhas e promessas. 

    Corromperam-nos, pois roubaram de nós nossa condição humana, que é de ser político, livre e pensante, que age coletivamente para o bem comum. Nós agimos, coletivamente, mas para o bem deles. Fomos reduzidos à condição de rebanho pela miséria que eles nos mantém e exploram. Corromperam-nos, pois apodreceram nossas instituições, como nossa democracia. Qualquer eleição exige debate, convencimento, confronto de ideias. Mas nós temos debatido, ou já começamos mais um pleito intransigentes em nossos apoios e os declarando publicamente, a mando de nossos carrascos? Sejamos francos, pois ter consciência e assumir é o primeiro passo para a libertação. Até aqui, via de regra, nós não debatemos, nós não quisemos saber o que o outro tem a dizer e que poderia nos convencer do contrário, no caso, a abandonar nossos carrascos, que nos dão comida com uma mão e roubam e chicoteiam com a outra. Sim, ouvir e debater é perigoso, pode me criar problemas, afinal, nosso sustento foi reduzido a apoiar A ou B, mas nós precisamos e devemos nos escutar e desmascarar esses tiranos, que corromperam nossas instituições. Óbvio que temos que manter o pouco que nos resta, mas não precisamos ser boçais e nos negar a debater. 

    Não jovens, senhores e senhoras, engana-se quem acha que estamos só falando de um grupo ou facção política de Bacabal. O outro é tão sórdido e perverso quanto. Ambos se merecem, equivalem-se, embora jurem que são de natureza distinta e que é a justiça ou a corrupção. Ambos estão podres, carcomidos, fétidos, mas conseguem não feder tanto pois gastam milhões em cosméticos e perfumes para se apresentarem como nossos salvadores por meio de caríssimo marketing eleitoral. Blasfemam o tempo todo, não raro, com apoio de vendilhões do templo, reivindicando que representam a fé e a justiça divina. Canalhas, hereges e assassinos. Vamos nos livrar dessa escória, mais ou menos hora.

    Uma facção corrompe nossa democracia e instituições ao sufocar e aniquilar o debate público, controlando e mentindo sistematicamente em todos os canais de TV, que deveriam promover o debate para o bem da sociedade. A outra facção, embora menos poderosa, igualmente corrompe a democracia e a nós, acabando com o debate público, ao criar um sistema profissionalizado de marketing e comunicação digital, simplificando e idiotizando as posições, ao falar coisas como justiça ou corrupção e metáforas alienantes equivalentes. Compraram, ao custo de milhões, uma base de apoio para rivalizar com aquela de seus supostos oponentes, que ao final abraçarão, pois se entendem nos esquemas, negociatas e falcatruas. Não suficiente, eles vêm, sistematicamente, excluindo dos grupos de Whatsapp que controlam, como Lá Bacabal de Papel, quem deles discorda e critica, mantendo o monólogo das duas partes, que é tudo, inclusive fantasia, menos debate público digno desse nome. Ambos fogem do debate, cada uma seu modo, pois sabem que são podres. Podres. Corrompem a tudo e a todos que os cerca para entender seus objetivos pessoais e de poder. Canalhas. 

       Ao menos, dessa vez, há quem, com propriedade de causa, ousadia e justiça, aponte o dedo para ambos os hipócritas e os acuse. Sim, nós os acusamos de sistematizar a mentira, o roubo, a corrupção e o assassinatos. Nós os acusamos de canalhice. E, nós, apresentamos como alternativa a eles todo um grupo de voluntários, que não se calou nem se vendeu e que continuará lutando até que sejam presos ou escorraçados dessa terra.

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