terça-feira, 10 de novembro de 2020

Por um novo rural em Bacabal



É preciso ouvir, sistematicamente, os moradores do campo e discutir as dificuldades por eles enfrentadas, integrando-os em uma gestão democrática e transparente. Assim, garantir que possam participar da escolha das melhores estratégias para atingir o desenvolvimento local, atendendo demandas especificas. Fomentar sua organização em instituições representativas é fundamental para garantir essa interlocução permanente, de modo que tenham o reconhecimento e envolvimento necessários para que possam representar essas populações.
Além dessa horizontalidade na abordagem das ações públicas faz-se necessário caracterizar os povoados, reunir e sempre atualizar informações sobre o número de moradores, a quantidade de famílias, tipo de moradia, renda familiar, estrutura etária da comunidade, número de mulheres e de homens, incidência de doenças, problemas enfrentados pela comunidade e suas formas de organização, além de aspectos sobre as atividades econômicas, a forma como são desenvolvidas e os principais entraves de realização destas. É necessário entender a dinâmica, os problemas e as perspectivas para o futuro de cada povoado. Gerenciar e processar dados é fundamental, tanto concernentes à produção quanto à educação, saúde e meio ambiente para que sejam traçados planos de ações com base em indicadores seguros.
Especialistas apontam que o desenvolvimento local vem da expressiva participação dos beneficiários, estimulada por iniciativas comunitárias, gerando parcerias com o Estado. Fundamenta-se, principalmente, no potencial dos recursos humanos, naturais e institucionais que fazem parte do patrimônio sociocultural que também recebe o nome de capital social. Toma-se como ponto de partida esse diagnóstico para identificar potencialidades e dificuldades até o estabelecimento de uma proposta mais geral, projetando o futuro a ser atingido e as devidas escolhas de estratégias para planos integrados de desenvolvimento. Desenha-se um cenário onde as políticas públicas se unem com o capital social para valorizar as diferenças e adquirir melhores condições de vida bem como espaços ou ambientes sustentáveis.
Exemplo dessa abordagem é a educação do campo, que também deve ser objeto de caracterização a fim de subsidiar o planejamento de medidas de desenvolvimento. Levantar esses dados permite discutir e encaminhar soluções para os problemas referentes ao ensino e à efetivação do direto à infância. Do mesmo modo, faz-se necessário conhecer os demais aspectos socioeconômicos e culturais de cada povoado, a exemplo de um corte etário, que permita identificar tanto a infância quanto a vetustade, identificando os idosos e suas demandas para garantir seu acesso aos cuidados médicos devidos e merecidos.
       Como já apontado, o principal referencial das políticas públicas para o campo deve ser o desenvolvimento sustentável. Este envolve o desenvolvimento econômico, social e ambiental que precisam estar integrados. Assim projetos precisam ser pensados e implementados de modo a atingir os pilares da sustentabilidade, produzir no presente, mas com os olhos voltados para o futuro.
    O fortalecimento da agricultura familiar representa uma estratégia para viabilizar o desenvolvimento sustentável, norteando políticas pautadas pela promoção da segurança alimentar e que criem condições tanto para o aumento da produção agrícola como para a reprodução social e avanço econômico para um expressivo número de trabalhadores envolvidos com a produção agrícola.
São vários os caminhos que podem direcionar a gestão, em parceria com as comunidades rurais, para ao desenvolvimento sustentável. Destacamos a valorização dos saberes tradicionais locais e das as tecnologias sociais, bem como o fomento ao associativismo e cooperativismo, auxiliando na formação das organizações sociais. Cabe à gestão, ainda, garantir assistência técnica e projetos para agregar valores à produção local e acesso a máquinas agrícolas, bem como favorecer consórcios de espécies agrícolas, a introdução de sistemas agroflorestais, o cultivo em aleias e o plantio direto, qualificando a produção de alimentos e geração de renda no campo. 

            Referências


AGRIC. O que é Plantio Direto? 2011 Disponivel em < https://www.agric.com.br/sistemas_de_producao/o_que_e_plantio_direto.html> Acesso em: nov, 2019.
VASCONCELOS, M. da C. da C. de A.; SILVA, A.F.A da e LIMA, R da S. Cultivo em aléias: uma Alternativa para pequenos Agricultores. ACSA – Agropecuária Científica no Semi-Árido, v.8, n.3, p 18-21, 2012.
WANDELLI. E. V. et al. Sistema Agroflorestal. Alternativa sustentável para a agricultura familiar. EMBRAPA: 2002.


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