Um modelo de produção viável aos
agricultores familiares não deve estar pautado apenas pela modernização do
processo produtivo. Deve valorizar a experiência, os saberes tradicionais e a
realidade ambiental local, fundamentando aí as políticas públicas para o meio
rural. É necessária uma gestão
participativa, integrando as comunidades rurais ao
poder público. Isso vale, especialmente, para aquelas e aqueles que habitam as
regiões mais pobres deste país, como o Médio Mearim.
Os atores do campo
precisam protagonizar o planejamento da produção do seu espaço, acompanhando e
participando de todas as etapas. O desenvolvimento participativo da agricultura
familiar aponta os caminhos para garantir a segurança alimentar no campo e
também da cidade. Desse modo, o processo produtivo familiar é redimensionado e
integrado, considerando suas potencialidades e capacidade de organização.
Portanto, a proposta
acertada de desenvolvimento
rural sustentável depende da agricultura familiar. Esta,
por sua vez, para se viabilizar necessita enfrentar limitações e entraves
históricos, como a falta de subsídio ou a impossibilidade de muitos e muitas
acessarem a terra e explorarem esse e outros recursos naturais, dado a
estrutura fundiária extremamente concentradora, típica da realidade brasileira.
Assim, faz-se
necessário enfrentar a sujeição da terra pelo capital e o modelo agropecuário
hegemônico, que concentra a renda e as propriedades rurais nas mãos de poucos,
amplia desigualdades, empobrece e contamina
o solo, restringe a produção e a biodiversidade e expulsa
os agricultores para a cidade (êxodo rural), ou os sujeita à dependência e
exploração.
Por mais pequenas
propriedades e famílias assentadas e produtivas e menos latifúndio predatório
ou improdutivo. Dividir melhor e viabilizar o acesso e permanência autônoma na
terra é garantir justiça e solidariedade social, resolvendo também parte dos
problemas urbanos, como crescimento desordenado e favelização.
Desse modo, quando
tratamos de desenvolvimento rural não estamos nos restringindo só ao que pode
ser considerado estritamente rural. Trata-se de promover mudanças positivas na
escala da vida social do território bacabalense como um todo, integrando melhor
o rural e o urbano, com suas formas de sociabilidade e produtividade.
A importância da agricultura
familiar na produção de alimentos representa uma significativa contribuição à
segurança alimentar das famílias brasileiras. Mas a permanência das famílias no
campo está ligada à manutenção de condições para continuarem a trabalhar em
suas pequenas propriedades com investimentos que propiciem condições dignas de
trabalho e de vida, incentivos que reduzam os custos com a produção e a
viabilização da comercialização de seus produtos com preços justos
É fato que, nas últimas duas décadas,
a agricultura familiar passou a ocupar um espaço mais significativo na
sociedade e isso teve reflexos diretos na vida de milhares de trabalhadores. O estabelecimento
de políticas para o campo, como o Programa Nacional da Agricultura Familir (PRONAF)
garantiu maior assistência e oportunidade, redimensionando o protagonismo
social do trabalhador rural familiar com uma maior participação na economia do
país e com melhorias em suas condições de vida. Assim, a produção agrícola
familiar vem atingido sua função, produzindo alimentos para o consumo e
fornecendo uma diversificada quantidade para o mercado interno, contribuindo
para segurança alimentar.
Contudo, a produção familiar ainda precisa enfrentar diversos problemas,
como o processo de modernização agrícola das grandes propriedades, gerando
pressão por parte dos grandes produtores, a redução da sucessão do agricultor e
carência da implementação de mais políticas públicas. Ademais, a
concentração de terras e a enorme desigualdade social também no campo estão
entre os fatores responsáveis pelo atraso e injustiça sistemática no espaço
rural brasileiro. Ainda está pendente uma reforma agrária abrangente, que
democratize o acesso à terra, modificando a estrutura fundiária concentrada e
excludente.
É preciso investir no
social e no local, criar condições dignas de trabalho e de vida para as pessoas.
É preciso valorizar o saber tradicional local e considerar as especificidades,
as fragilidades e vulnerabilidades de cada ecossistema para que se possam
adotar práticas que considerem as condições ambientais.
No âmbito de um desenvolvimento
local/regional deve-se dar mais atenção à agricultura familiar, não apenas com
a visão de uma agricultura de subsistência, mas ter um olhar sobre esta a
partir de seu potencial produtivo, e voltado para abastecer o mercado. É uma
modalidade de produção que tem um importante papel na produção e distribuição
de alimentos e que, portanto deve ser reconhecida tanto pelo setor público
quanto pelo privado.
Em Bacabal, essa
modalidade de agricultura é atividade que pode apresentar elevado nível de
desenvolvimento, sendo preciso valorizá-la, investir em infraestrutura de
escoamento e fortalecê-la com a orientação técnica necessária, o uso de
recursos e formação para que os trabalhadores rurais envolvidos possam melhorar
a qualidade da produção para comercialização. É importante também considerar a
agricultura familiar como estratégia de combate à pobreza no meio rural, como
atividade de geração de renda e emprego garantindo a permanência do homem no campo.
Ao invés da ocupação espontânea do Mercado Central, e falta de acesso aos
demais centros de abastecimento, cabe valorizar esses sujeitos garantindo um
espaço adequado para que vendam seus produtos, bem como a interlocução necessária
com os grandes mercados, para que comprem esses produtos, fortalecendo a
economia local.
Referências
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Coordenado pela SEAD/UFRGS. – Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2016.
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