terça-feira, 22 de setembro de 2020

Por esporte, juventude e lazer em Bacabal

 


            Se queremos nossa juventude viva e ativa precisamos de políticas públicas abrangentes que a contemplem. Eis o papel da gestão junto com a sociedade civil: discutir e formular as intervenções do poder público, democratizando o acesso e qualificando os espaços e a infraestrutura para a prática de esportes e lazer.

            Em Bacabal, é nítido o interesse da população pelas práticas esportivas, apesar da falta de incentivo e estrutura ofertada pelo poder público. Jovens usam a Praça do Bolo para andar de skate, outros jogam mini-futebol na João Alberto, onde também é praticada corrida, caminhada, basquete, dança, ciclismo e futebol de campo. Em outros espaços jovens e adultos jogam futevôlei e vôlei, dançam brake, funk, dentre outros estilos. O futebol interbairros mobiliza centenas de pessoas, movimenta o comércio ambulante e também é potencial a ser explorado para garantir lazer, esporte e fortalecer a economia local. Por que não deixar o Correão permanentemente aberto e com uma agenda diversificada de atividades, garantindo a visibilidade a todas as práticas esportivas, e assim o lazer e incentivo à população? Por que não explorar o potencial do Rio Mearim para a prática de esportes aquáticos, cultura e lazer, integrando tudo isso com políticas de revitalização e preservação ambiental?

Fato é que, apesar desse cenário promissor, receptivo a políticas públicas, o respaldo e incidência setorial do poder público é mínima, com o vácuo ocupado pelo espontaneismo dos próprios sujeitos. Tamanho é o descaso, que a Praça da Juventude, cujo prazo final de conclusão era dezembro de 2019, segue por terminar, explicitando a falta de compromisso das gestões com a população, e a juventude em especial. A causa última dos problemas é a mesma dos demais setores: o patrimonialismo e clientelismo das gestões, preocupadas em se perpetuar e não com a qualidade da administração da coisa pública e garantia dos direitos.    

            Mas como há interesse e articulação social espontânea, como por exemplo nas práticas mencionadas e nas escolinhas voluntárias e sua liga, é possível planejar e executar uma adequada política de esporte e lazer, que deve ser pensada como direito social, inclusive assegurado na Constituição de 1988. Para efetivar esses direitos são necessárias políticas intersetoriais e transversais, integradas em uma concepção mais abrangente de cidadania e educação integral.

A Prefeitura pode e deve contratar profissionais de forma impessoal e objetiva para garantir o acesso permanente de jovens e adultos ao esporte, sobretudo nas zonas de alta vulnerabilidade, ocupando os espaços disponíveis de forma permanente. Tal qual no concernente à cultura, as escolas podem servir de espaço privilegiado para a garantia dos esportes, organizando a logística das atividades bem como os equipamentos e profissionais necessários, funcionando no contraturno e nos finais de semana. As políticas de esporte devem estar integradas às políticas de cultura e educação, fomentando-se o envolvimento e ação comunitária, assegurando a ela a infraestrutura necessária. Dos jovens aos idosos é possível integrar a todos, garantindo saúde física e mental.

Ao invés da lógica perversa do cabide de empregos, que compromete a eficácia das gestões, deve haver uma integração e qualificação da Secretaria de Esportes, Juventude e Lazer (SEJEL), realizando-se, imediatamente, concurso público para contratação de técnicos especializados. A SEJEL deve estar, assim, fortalecida e capacitada para articular, implementar, monitorar e acompanhar as políticas setoriais planejadas junto à sociedade civil, com base em dados levantados, processados e, permanentemente, atualizados.

Nosso mote é a ocupação e qualificação dos espaços públicos e as políticas de esporte, juventude e lazer, juntamente com cultura e educação, são centrais, inclusive, oportunidades de geração de emprego e renda, na perspectiva da economia solidária. Seja na qualificação dos espaços pré-existentes, como praças, ruas e quadras, seja na criação de outros, cabe ao poder público buscar e firmar parcerias para ampliar o acesso às práticas e equipamentos esportivos e de lazer, captando recursos para oferecer os serviços. A formação e os recursos humanos, tanto para o esporte quanto para as demais áreas, podem ser buscados em parceria com as universidades, por meio de um programa permanente de formação de gestores, profissionais e agentes. Sobre captação de recursos é possível ampliar e diversificar as fontes de captação seja por meio de parcerias com demais esferas de governo seja com os produtores e empresas locais, que já ajudam de modo espontâneo. Uma equipe qualificada na SEJEL também tem mais condições de garantir o financiamento por meio da Lei de Incentivo ao Esporte - Nacional.

A sociedade civil deve participar ativamente da elaboração, execução e avaliação dessas políticas, cabendo efetivar o Plano Municipal de Esporte e o Conselho Municipal de Esportes. Esporte é também cidadania, ofertando aos jovens condições de inserção plena na sociedade.

Em suma, da cultura,arte e lazer, à saúde, educação, segurança, economia, mobilidade e esporte, vamos fortalecer a cultura de direitos e garantir vida digna à população, especialmente a quem mais precisa das políticas públicas, oportunizando futuro e esperança à população, especialmente, à juventude, edificando um futuro includente e solidário para Bacabal.

Queremos uma Bacabal criativa, ativa, saudável, inclusiva e feliz, que oferece à população diversas possibilidades de cultura, esporte e lazer, que são direitos fundamentais para garantir aquele mais amplo, que é o próprio direito à cidade. Os espaços públicos e toda a cidade terão uma gestão democrática e participativa, desenvolvendo plenamente a cidadania.


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